Nesta semana, o papa Francisco autorizou a promulgação do decreto que reconhece o martírio dos Servos de Deus capuchinhos, os freis Léonard Melki e Thomas Salech. Também foi reconhecido o milagre atribuído à intercessão da Venerável Irmã María Lorenza Requenses Llong, fundadora das Clarissas Capuchinhas. Agora, os três estão aprovados para serem beatificados pela Igreja em breve.
Léonard Melki e Thomas Salech, mártires
Frei Leonardo Melki e frei Tomás Salech têm um itinerário de vida e vocação semelhantes. O primeiro nasceu aos 4 de outubro de 1881 em Baabdath, no Líbano. Tomás nasceu na mesma cidade, aos 3 de maio de 1879. Em 1899 foram admitidos juntos ao noviciado capuchinho nas proximidades de Constantinopla (Istambul). E juntos também receberam as ordens sacras no ano de 1904. Em seguida, foram ambos enviados para Mardine, na Turquia.
Quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial, frei Leonardo Melki foi preso pelo império Otomano e submetido a torturas junto com outras centenas de cristãos e, encaminhados ao deserto, foram martirizados em 1915. Frei Tomás Salech, por sua vez, durante a guerra, foi deportado para um campo de extermínio, em Ofra, na Armênia. Estes centros de concentração pertenciam aos otomanos e serviram de inspiração aos nazistas posteriormente. Mais de um milhão de armênios foram vitimados. Certo dia, frei Tomás Salech dá as “boas-vindas” a um padre armênio que chegava ao campo de concentração onde milhares haviam sucumbido. Denunciado, foi condenado à morte. Enquanto viajava para Adana, no sul da Turquia, para a ser executado, contraiu tifo e faleceu aos 18 de janeiro de 1917.
María Lorenza Llong, fundadora
Maria Lorenza nasceu nas proximidades de Lérida, na região catalunha, em 1463. Pertencia a influente família Requenses. Por obediência aos pais, casou-se com Juan Francisco Llong, secretário real do rei Fenando, o católico. Em 1506, mudam-se para Nápoles com os três filhos. Após quatro anos, Lorenza fica viúva com os filhos maiores em idade. Aproveita, então, para peregrinar ao Santuário de Loreto. Narra-se que durante uma missa, ela foi curada de uma enfermidade paralisante que tinha desde 1480. Ali mesmo, em Loreto, toma para si em gratidão o hábito da Ordem Terceira Franciscana.
De volta à Nápoles, empenhou-se junto a outras mulheres piedosas nos trabalhos do Oratório do Divino Amor. Com o apoio de Vittoria Colonna, nobre napolitana e futura benfeitora dos capuchinhos, iniciou um trabalho de assistência às mulheres em situação de prostituição. Algumas com sua ajuda, tornaram-se depois enfermeiras do hospital que fundaria em 1522, o “Hospital dos Incuráveis”. Nele trabalha tanto na administração quanto no cuidado direto com os pacientes. Medidas de higiene, pouco difundidas na época, eram aplicadas com rigor no hospital: limpeza, ventilação, uso particular de utensílios etc.
As mulheres que formavam junto de Lorenza a equipe colaboradora se consolidaram como uma comunidade de terciárias franciscanas. Em 1533, (São) Caetano de Thiene passou a orientá-las espiritualmente. Pouco tempo depois, desejando viver mais firmemente o carisma franciscano, receberam a aprovação canônica em 1535 para reestruturar a comunidade, agora como ordem religiosa sob a Regra de Vida de Santa Clara de Assis. Lorenza adotou as Constituições da clarissa Santa Coleta de Corbie, salvo algumas adaptações e adições mais conforme às Constituições dos Capuchinhos. Nascia, assim, as Clarissas Capuchinhas. Na ocasião, professou os votos com outras doze irmãs. Meses depois, eram já trinta e três monjas, o que fez o mosteiro de Santa Maria de Jerusalém ficar conhecido por “o mosteiro das 33”.
Maria Lorenza Longo faleceu aos finais de 1542, em Nápoles. Sua reforma capuchinha se estendeu rapidamente por toda a Europa e depois para os outros continentes. Atualmente, existem mais de duzentos mosteiros espalhados pelo mundo e mais de duas mil Irmãs. A causa de beatificação teve início em 1892, foi interrompido longo tempo, sendo retomado apenas em 2004.
Por frei Warley Alves de Oliveira, OFMCap
Fonte: Capuchinhos do Brasil /CCB
Por Frei Douglas Leandro de Oliveira (Conferência CCB)